Consulte o cardápio de qualquer bar ou pub nos Estados Unidos, e ao lado dos nachos e guacamoles você sempre vai encontrar umas tais Buffalo wings. Asas de búfalo? Não: asinhas de galinha fritas e envoltas num molho apimentado, inventadas em Buffalo, no extremo norte do estado de Nova York, perto da fronteira com o Canadá.
Como quem vai a Roma tem que experimentar o Papa, ou algo assim, estando em Buffalo eu não tinha como não ir ao Anchor Bar, o lugar que impôs este picante tira-gosto ao país.
Era pertinho do meu hotel: só precisamos enfrentar o frio de quatro quadras e pronto: chegamos ao lugar que já vendeu quase 246 milhões e oitocentas mil asinhas de búfalos voadores.
O lugar é grande, mas normalmente tem fila: você chega e dá o seu nome à hostess.
O cardápio conta a lenda de como o petisco foi inventado. A dona do bar, Teresa Bellissimo, teria achado as asas que ia usar para fazer um caldo bonitas demais para serem desperdiçadas dessa maneira, e preparou para seu filho servir a uns amigos esfomeados à meia-noite de uma sexta-feira. Ao aparecer o prato, os amigos perguntaram o que era aquilo — ninguém nunca tinha visto uma asa de frango antes. Mas isso foi 246.799.999 asas atrás.
Não espere nada muito saudável. Apesar de anunciadas como “BBQ”, as asas são fritas em óleo de milho e então recobertas pelo molho apimentado. São servidas com bastões de salsão e um molho à base de queijo.
A porção menor tem 10 pedaços. Comi sozinho, porque o Nick não come asa, seja de búfalo, de frango ou de mariposa. Estavam uma delícia. Mas por falta de experiência no assunto (nunca na minha vida tinha pedido isso antes), não tenho como dizer se é melhor do que a asinha média americana.
O que me deixou intrigado foi a composição da porção. Das 10 peças, só três eram as asinhas de fato; os outros sete pedaços eram o que lá em casa a gente chamava de “coxinha da asa”. (Ou seja: as asas de verdade continuam indo pra fazer caldo por aí…)
no dia seguinte, ao embarcar, quem eu encontrou no aeroporto? Ora! Uma filial do Anchor Bar!
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